"Marinheiros" ... bebam sem moderação!

Mario Câmara

Hasta la vista, baby

Posted on 10-08-2024

3 de agosto de 2024
Como entusiasta das novidades a respeito de Internet das Coisas (IoT), nada surpreendente estar por perto acompanhando algumas realizações e progressos nesta seara. E, por ironia do destino, moro num local que proliferam iniciativas voltadas à tecnologia LoRaWAN. Antes de prosseguir, uma correção semântica, já que esta tecnologia de conectividade em rede fica melhor descrita, caso dito: técnica de modulação LoRa e protocolo LoRaWAN. Carinhosamente, chamo-lhes de dose dupla … pois se não forem em dupla, a solução fica capenga.
A Trinopolo representa uma associação de empresas que atuam na área de Tecnologia da Informação e Comunicações (TIC) em Caxias do Sul. Fato é que houve uma simbiose de interesses e, de modo precursor, a cidade se viu favoravelmente “iluminada” por 3 (três) gateways LAIRD Sentrius RG191. Só que, infelizmente, escapou um detalhe. Estes equipamentos são setados para uma determinada faixa de frequência regional e adotou-se a US915 em detrimento da faixa AU915, que seria a correta de ser empregada no Brasil. Isto ocasionou um certo descrédito à incipiente tecnologia, uma vez que os end-devices só funcionavam se reproduzissem o mesmo engano (operar em US915). O processo de reconhecer o equívoco e promover o devido ajuste foi um tanto árido e desgastante.
Depois dessas águas passadas, surgiu um novo projeto na proa (26/01/2022 a 31/10/2024). Denominado “sistema de coleta de dados por dispositivos IoT (sensoriamento) para cidades inteligentes”, fruto de uma parceria entre SICT-RS e UCS, cuja proposta foi implantar: (i) dois gateways KHOMP – ITG 201 LoRa Outdoor; (ii) três dispositivos SIRROS sensores: temperatura, umidade, ruído, luminosidade, partículas suspensas, gás carbônico e posição GPS; e (iii) a plataforma de visualização dos dados coletados. Mais uma coisa, este arranjo foi reproduzido nas seguintes cidades da serra gaúcha:
Bento Gonçalves,
Canela,
Caxias do Sul,
Flores da Cunha,
Gramado e
São Francisco de Paula.
Bem, a equipe e dedicação por trás da construção deste projeto foi admirável. Alinho-me mais forte com a galera dos bastidores técnico (Mayron de Carvalho & Samuel Ferrigo) por conta da natural afinidade, os quais gostaria de provocar com uma reflexão. Conforme é do conhecimento de todos, os gateways podem ser configurados como privados ou públicos. Os gateways LoRaWAN são – fazendo uma analogia – como faróis de navegação, adequadamente dispostos para a melhor capacidade de cobertura. No entanto, ao serem configurados como de rede privada, ofusca-lhes o brilho e a aplicabilidade por conta da restrição de acesso. A acessibilidade é possível ser disponibilizada para o cidadão não só divulgando os dados coletados, mas habilitando a infraestrutura de conectividade (“iluminação” provida pelos gateways) para fins de testes e experimentações locais, colocando a tecnologia ao alcance de todos “marinheiros” (desbravadores de chirp signal). Talvez, possa ser que haja um instrumento náutico escondido na manga: Packet Broker.
Falando de benefícios, caso a rede seja tornada pública – comunitária – será possível ofertar (0800) conectividade LoRaWAN para avaliações de protótipos (produtos, serviços ou modelos de negócios inovadores), sendo ideal para espaços de experimentações e aprendizagens como o Sandbox Caxias. Deixando do jeito que está … os gateways são invisíveis e consomem a mesma energia (alimentação, manutenção, Internet, etc), atendendo a uns pouquíssimos gatos pingados.
Parabéns … que venham novos ensinamentos, desafios e projetos, sejam quantas canecas etílicas forem, contanto que corroborem para o desenvolvimento técnico-sócio-econômico da nossa região da serra gaúcha 🙂 .
Original: https://www.gpstesouro.com/dose-dupla/